O olhar do analista é a extensão de sua capacidade de ouvir e com isso reconhecer, a partir do material apresentado pelo paciente, aquilo que está sendo comunicado por meio de palavras ou por detalhes às vezes ainda encobertos.
O olhar do analista é aquele que antevê, o que só depois, no tempo do paciente, poderá ser revelado ou descoberto por ele de forma criativa.
O olhar do analista confere legimitidade e testemunho ao sentimento narrado. E é esse olhar que ao repousar sobre certos conteúdos nos convida ao questionamento e ao famoso “Fale-me mais sobre isso”, não por curiosidade simplesmente, mas porque reconhece ali, elemento que merece pausa e investigação.
O olhar do analista se constrói no tempo, na experiência e na prática; no exercício contínuo de tentar ver e não ver e de depois perceber os pontos cegos que nos constituíram.
Se o olhar do analista fica embaçado demais, se a vista anda ruim ou limitada, o analista verá pior, enxergará menos, perderá o foco, a clareza e a nitidez das coisas.
E a gente já sabe: quanto menos se vê, menos se interroga, menos se abre espaço para a escuta!
(E com isso, mantemos certos sofrimentos invisibilizados.)
Por isso, limpem bem os óculos, agucem a visão e ampliem o olhar: o olhar do analista é a sua sensibilidade em ação!