Criança é bichinho imaturo demais para conhecer o mundo como ele é. Por isso a gente, adulto, vai aos poucos apresentando tudo em doses homeopáticas, a medida que a criança dá conta de entender, de lidar, de digerir e de elaborar (é necessária uma certa proteção, uma preservação do mundo infantil!).
A complexidade do mundo adulto, a sua dureza, fica para depois, quando a criança, mais crescida, der conta de absorver e descobrir seus detalhes.
Por isso, é uma sorte e tanto encontrar anfitrião hospitaleiro (esse que torna o mundo pequeno o suficiente para ser absorvido e percebido)
Quando o destino é outro, menos generoso, o mundo acaba chegando cedo demais e instaura uma bagunça por dentro da gente.
Se a intensidade for grande, excessiva, o caos toma conta e fica difícil voltar (nesses casos, a insanidade se instala como padrão).
Se a bagunça encontra algum recurso emocional podem ser construídas defesas entre elas o famoso e conhecido controle: tentativa de alcançar o domínio das coisas, de evitar os sustos, os atropelos, as invasões de outrora.
Na análise, crianças assim chegam aos montes, todas em corpo de adulto!
E juntos tentamos navegar por meio desses registros, inaugurando novas rotas, mais fluidas, onde seja possível experimentar outros estados de presença.
Esperamos, que com o tempo, esses pacientes se deixem levar um pouco mais, sem tantos sobressaltos. Quem sabe possam descobrir a arte da entrega, permitindo mergulho fundo, na companhia de alguém, cuidadoso, que inaugure com eles a experiência: o mundo pode ser generoso e hospitaleiro!
Quem sabe…
Criança é bichinho imaturo demais e o que acontece ali…
Ah! deixa tantas marcas….